O Histórico Trapiche de Barra do Itabapoana
Quando se fala em navegação e comércio na antiga São João da Barra, logo lembramos dos portos de Atafona e Gargaú. Porém, no extremo norte do município, hoje São Franciscico de Itabapoana, o porto de Barra de Itabapoana teve papel igualmente decisivo no desenvolvimento da região.
No coração das atividades portuárias estava o trapiche de Barra do Itabapoana, que era ponto vital para o escoamento da produção agrícola na região, especialmente do café que vinham transportado por canoas e lanchas desde Limeira, no Espírito Santo, até a foz do Rio Itabapoana.
Foto colorizada
Foto colorizada
Do trapiche de Barra de Itabapoana, embarcações de grande porte, à época, seguiam para o Rio de Janeiro e até para outros portos do litoral brasileiro.
Um grande nome ligado ao movimentro de trapiches na epoca era o Joaquim Antônio Lobato de Vasconcelos , (1824-1897), comerciante, capitalista e político sanjoanense. Era filho de Custódia Maria de Vasconcelos e do português José Francisco Lobato. Iniciou a vida como comerciante em São João da Barra e, mais tarde estabeleceu-se em Limeira, Espírito Santo, com a Fazenda Santo Antônio. No auge de sua fortuna, em 1867, seu patrimônio incluía: Um trapiche e casa de residência em Itabapoana, avaliados em mais de 56 contos de réis, Armazém à beira do rio, navios como os patachos Paraguaçu e Caramuru, o hiate Lima e a galiota Nova Tentação, além de vultosas somas em dinheiro e terras.
Esse inventário revela a importância econômica do porto e do trapiche, que sustentavam uma rede intensa de trocas comerciais. No auge de suas atividades recebia e enviava frotas diversa como brigue Otávio, Patachos Paraguaçu, Caramuru, Estrela do Norte, Raquel, Santo Antônio, polaca D. Anna, Sumacas Christina, Feliz e Francisca e também os hiates São João da Cruz, São João Batista, Flor do Itabapoana e muitos outros. O porto de Barra de Itabapoana integrava-se às linhas regulares da Companhia de Navegação a Vapor Espírito Santo-Campos, cujo paquete Diligente fazia escala em Itabapoana sempre quatro dias antes da lua cheia, rumo a Caravelas, Espírito Santo e quatro dias após, no retorno para a Corte.
Um marco regional, o trapiche não era apenas uma estrutura de madeira às margens do rio Itabapoana, ele simbolizava a pujante economia de uma região que, por meio da cabotagem, conectava os produtores locais ao Rio de Janeiro e a outras praças comerciais do Império. Também refletia a ascensão de famílias influentes como a de Joaquim Antônio, que além de empresário, foi vereador, presidente da Câmara Municipal e deputado provincial. Em 1892, já idoso, Joaquim Antônio vendeu suas propriedades em Barra de Itabapoana e transferiu-se para o Rio de Janeiro, encerrando um ciclo de prosperidade ligado diretamente ao trapiche.
Hoje, a memória desse espaço histórico ajuda a compreender não apenas o comércio regional, mas também a vida política, social e cultural do norte fluminense no século XIX.
Fonte: Fanpage Histórias de São João da Barra – pesquisa de Fernando Antonio Lobato Borges.
O predio foi demolhido e construido no seu lugar a igreja matriz.
0 Comentários
OBRIGADO PELA PARTICIPAÇÃO!