A Fábrica Tipity e o Escoamento Fluvial na Década de 1940
Na década de 1940, Barra do Itabapoana abrigava a Tipity, uma importante fábrica de fécula de mandioca, produto largamente utilizado na culinária e na indústria alimentícia da época. Sua produção abastecia diferentes mercados, mas havia um desafio: não existiam estradas ligando a localidade aos grandes centros urbanos.
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FOTOS ANTIGAS DE COMO ERA ONDE HOJE FICA O PRÉDIO DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES EM FRENTE AO RESTAURANTE DO ESPANHOL. FOTOS:BARÃO KUMMER |
Diante dessa realidade, o escoamento da produção dependia inteiramente do rio e do mar. Contudo, a maré baixa impedia que os navios de grande porte atracassem diretamente no cais da fábrica. Para vencer essa dificuldade, foi criado um sistema engenhoso: a produção era embarcada em catraias, pequenas embarcações de madeira, que levavam a carga até pontos estratégicos no rio.
A partir dali, entravam em ação os rebocadores da Tipity, que puxavam as catraias pelo Rio Itabapoana até o alto-mar, onde os navios aguardavam trabalhadores. Só então as mercadorias eram transferidas para seguir viagem rumo a outros portos.
Esse processo, que unia o trabalho dos barqueiros, a força dos rebocadores e a logística adaptada às condições naturais, permitiu que a Tipity se tornasse referência regional na produção e comercialização da fécula. Mais do que uma fábrica, ela representava a engenhosidade e a capacidade de superar obstáculos em uma época em que o rio era a única estrada possível.
Com o avanço das estradas e das novas formas de transporte terrestre, esse sistema fluvial-portuário foi perdendo espaço, mas a memória da Tipity — com suas catraias carregadas de sacas e rebocadores levando a produção ao encontro dos navios — continua viva como parte da história de Barra do Itabapoana e de sua tradição produtiva.
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