Vila da Rainha - Pero de Góis(século XVI)

                       Ilustração feita por IA
    

Durante a administração portuguesa, grande parte do Brasil foi dividida em capitanias hereditárias. Quando o Brasil foi descoberto, a coroa portuguesa buscava povoar a colônia e dividir a administração, e a solução encontrada foi criar as capitanias hereditárias em 1534. O país foi dividido em faixas de terra concedidas aos nobres de confiança do rei D. João III (1502-1557). Essas terras seriam passadas de pai para filho, daí o termo "hereditárias".


Foto da pedra mó recebendo visita no antigo museu

   Pero de Góes, donatário da capitania de São Tomé, tentou se instalar às margens do rio Paraíba do Sul, mas desistiu e se transferiu para o vale do rio Itabapoana, onde fundou a Vila da Rainha. A localização exata deste povoado é incerta: poderia ter sido na foz do rio ou dez léguas acima. Em carta a seu sócio Martim Ferreira, escrita na Vila da Rainha em 12 de agosto de 1545, Pero de Góes descreve a construção de dois engenhos de cavalos no rio Itabapoana, dez léguas acima da foz, para servir aos moradores e a ele próprio.

    Em carta a D. João III, datada de 29 de abril de 1546, Pero de Góes relata o estado de sua capitania ao retornar da Europa. Ele menciona a criação de uma povoação a dez léguas do mar, com muitos moradores e um engenho d’água quase concluído, destacando o esforço e trabalho envolvidos.



   A colonização européia geralmente começava na costa, de onde era possível vigiar intrusos. Pero de Góes seguiu essa lógica ao subir cautelosamente o rio Itabapoana. Assim, a Vila da Rainha teria sido erguida na enseada do Retiro, entre a desembocadura do rio Itabapoana e a ponta do Retiro.


  Em 1784, o capitão cartógrafo Manoel Martins do Couto Reis inspecionou a enseada do Retiro e comentou sobre o rio Itabapoana, cuja barra era rasa e perigosa. Ele registrou que, no passado, a foz do rio estava mais ao sul, próxima ao sítio conhecido como Santa Catarina das Mós, onde encontrou ruínas de um povoado. Sem fontes escritas seguras, ele se baseou em fontes orais e encontrou vestígios como resíduos de paredes e telhas.


 As mós mencionadas permaneceram naquele local por muitos anos. Em 1785, foram vistas por Couto Reis e eram conhecidas por várias pessoas, incluindo o Sr. Luiz Bastos, residente em Itabapoana. Em 1931-1935, o prefeito de São João da Barra, Joaquim de Brito Machado, mandou removê-las para a sede do município, e uma delas foi posteriormente emprestada ao Museu do Açúcar de Pernambuco (hoje Museu do Homem do Nordeste) durante a gestão do prefeito Ernesto Barreto Ribeiro (1955-1959), sem retorno.


Fonte de texto e fotos:


Livro do escritor Mário Menezes

Museu do Nordeste

Alberto Ribeiro Lamego








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