Ruínas da histórica Fazenda da Ilha do Gravatá

    

    Em nossa região, existem ruínas de uma das primeiras construções de fazenda do município de São João da Barra/RJ, hoje pertencendo ao município de São Francisco de Itabapoana/RJ. Está localizada na margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. Datada do século XVIII, foi construída pelo Sr. João Velho Pinto Barreto, perto da localidade de Campo Novo. João Velho Pinto Barreto residiu até o ano de 1794. A construção foi erguida nas terras da referida sesmaria, mais precisamente na ilha de Gravatá ou Caroatá.


JOÃO VELHO PINTO foi o primeiro Capitão-mor (cargo equivalente ao Presidente da Câmara) de São João da Praia (hoje São João da Barra) em 1677. Em 1670, como Sargento-mor, mandou explorar as matas da enseada dos Pargos, nas baixadas de Itabapoana, à procura de uma resina chamada jutaicica. João Velho residia em São João da Praia em 1676, quando recebeu o foro de Escudeiro Fidalgo a 4 de fevereiro deste ano, por serviços prestados no Rio de Janeiro e no Alentejo (Portugal), como soldado, alferes e depois ajudante.






    Edificou ali seu engenho e a sede da fazenda (a mais antiga construção existente em nosso território, em ruínas), bem como uma capelinha dedicada ao santo por cujo nome era conhecido o lugar (São Lourenço). Anualmente, promovia com grande pompa festividades dedicadas ao santo, que atraíam as principais famílias de S. Salvador, amigos e parentes do generoso fazendeiro.


    Ficou conhecido como alferes João Velho Barreto (do Gravatá) e já havia falecido em 1820, quando sua viúva Paula da Silva Barreto, seu filho e suas três filhas obtiveram a confirmação da referida sesmaria. Incendiada em 1836, a casa, o engenho e a capela foram salvos do incêndio, algumas alfaias litúrgicas (objetos separados para a celebração da Santa Missa) e vasos sagrados doados por D. Izabel, filha do fazendeiro, à Matriz de São Francisco de Paula.

     Esse lugar transborda história, mas é importante frisar, não apenas daqueles que têm seus nomes escritos em livros, mas também daqueles que nem por seus nomes eram conhecidos: como cita Acruche em seu livro, “A escravidão neste território é tema que preenche um ou mais livros.” Tamanha é essa mancha na nossa história, fazendo jus ao termo de que a memória é produto do meio, seletiva no que contar e no que esconder.


    O porão do casarão, onde originalmente viviam os escravizados, ainda causa arrepios; imaginar as mais cruéis atrocidades cometidas ali nos faz pensar sobre um passado não muito distante.


    Mas o papel da história é esse, contar o que houve sem ser parcial para com um dos lados. O local é "mágico" e a história da nossa região se faz presente diante dos seus olhos. Poucos terão a oportunidade de conhecer, pois o local requer autorização e conhecimento para se ter acesso, já que está escondido dentro da mata.


Fonte texto e fotos:

Livro de Senhor Mário Menezes

@capela.de.sao.sebastiao_1924

@MarceloFernandes



























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